Emagrecer não é tudo: Guia para se exercitar para além da pressão estética
Se exercitar para além da pressão estética é preciso, e desenvolvemos esse guia para te ajudar a descobrir como fazer isso!
Experimente pesquisar pelo termo “exercício físico” em plataformas de busca e nas redes sociais. Agora analise: que tipo de corpo aparece na maior parte dos resultados? Pessoas magras são maioria entre as figuras que aparecem na sua tela? Então você já começa a entender como a ideia de se exercitar é tão atrelada à pressão estética.
Obviamente, esse não é o único fator que aproxima esses dois conceitos. Mas é preciso reconhecer como é difícil aderir a um ambiente e/ou uma atividade quando as referências não parecem nos incluir.
No entanto, independente disso, também é necessário entender que os exercícios físicos são essenciais para melhorar a nossa qualidade de vida. E que, para conseguirmos alcançar esse benefício, precisamos pensar o ato de se exercitar para além da pressão estética.
Para te ajudar a pensar estratégias e alternativas, hoje abordaremos os seguintes tópicos:
- Exercício e pressão estética: uma relação problemática
- A estética não pode ser um objetivo do exercício físico?
- Guia para se exercitar para além da pressão estética: busque novas motivações
- Guia para se exercitar para além da pressão estética: busque uma atividade que você goste de praticar
- Guia para se exercitar para além da pressão estética: procure por ambientes em que você se sinta bem
- Dicas para se exercitar com uma mentalidade positiva
Exercício e pressão estética: uma relação problemática
Só pelo fato de usarmos o termo “pressão estética” e não “questão estética”, já é de se imaginar que há algo de problemático, certo? E é exatamente assim que podemos caracterizar a relação entre exercício físico e pressão estética: problemática. E diferentes fatores justificam isso, como:
- A perpetuação de padrões estéticos excludentes
- A ideia de que exercício é sinônimo de sofrimento
- A falta de prazer em praticar uma atividade física
Te ajudamos a entender um pouco esse cenário.
Perpetuação de padrões estéticos excludentes
Para começar, basta considerarmos um dos principais aspectos do ideal estético atual: o corpo magro. Como o exercício físico é uma das ferramentas que ajuda a emagrecer, criou-se uma ideia de que o ato de se exercitar é apenas para corpos magros e para quem tem o emagrecimento como objetivo.
Isso, por si só, já torna a atividade física mais um meio em que corpos fora do padrão são excluídos. Portanto, essa relação entre exercícios físicos e pressão estética perpetua padrões corporais excludentes. Mas não para por aí.
O problema do “no pain, no gain”
Você certamente, em algum momento da vida, já leu ou ouviu a frase “no pain, no gain” (em tradução livre: sem dor, sem ganho).
O lema, que tomou a internet e a vida de muitas pessoas, no entanto, também é uma ideia prejudicial — dentro e fora do meio da atividade física.
Mas dentro do universo dos exercícios físicos, a frase acaba ganhando outro significado: que, ao se exercitar, é preciso sofrer para chegar ao seu objetivo.
De fato, nada vem de mão beijada. É preciso esforço e comprometimento para avançar em qualquer que seja a atividade física que você pratica. Mas também é necessário reconhecer a importância de um desenvolvimento saudável — para seu corpo e sua mente.
Sob a mentalidade do “no pain, no gain”, muitas pessoas podem ir além dos seus limites ao se exercitar, se lesionando e colocando sua integridade em risco.
Há prazer em se exercitar para além da pressão estética?
Além disso, quando nos exercitamos sem gostar do que estamos fazendo, não há prazer em praticar a atividade. E com isso ainda passamos a entender a prática física como algo necessariamente chato e desmotivante.
É passando por esse tipo de experiência, inclusive, que algumas pessoas passam a dizer que não gostam de se exercitar. E isso sem mesmo conhecer todas as possibilidades de exercício físico que podem se encaixar em seu gosto pessoal.
O especialista em medicina esportiva Dr. Gabriel Ganme falou um pouco sobre isso em um episódio super interessante (vale o play) do podcast Bonita de Pele.
“O exercício e o esporte devem ser prazerosos, se não, você não vai fazer por muito tempo. Você tem que gostar daquilo que você está fazendo. Obviamente, todo esporte pode ajudar você no emagrecimento, mas não é fundamental,” defende o médico.
Então a estética não pode ser um objetivo do exercício físico?
Para a maioria de nós, estar bem consigo é também estar bem com sua própria imagem. Por isso, a estética até pode ser um objetivo quando você se exercita — seja em busca de um corpo com mais definição, massa muscular e até mesmo menos peso. Mas definitivamente este não deve ser o único fator que te leva a se exercitar.
Ainda no podcast Bonita de Pele, inclusive, o Dr. Gabriel Ganme também fala sobre essa questão:
“Uma outra coisa que você precisa saber é que essa ajuda no emagrecimento, da atividade física, é bastante limitada. Faça exercício por prazer e por saúde. Não para emagrecer.”
Guia para se exercitar para além da pressão estética:
1) Busque novas motivações
“Então, se não pratico exercícios físicos para me encaixar em um ideal estético, por que devo me exercitar?”.
Essa pode ser uma pergunta comum para muitas pessoas. E as respostas podem variar de acordo com cada personalidade. Mas existem algumas motivações que são universais.
Ao buscar um novo significado para a ideia de se exercitar, você pode considerar a atividade física como uma forma de:
- Prazer
- Saúde
- Autocuidado
- Alívio de estresse
Afinal, é provado cientificamente que quando nos exercitamos, liberamos a chamada endorfina: hormônio que nos traz a sensação de bem-estar.
Outro fato científico sobre os exercícios físicos dizem respeito aos seus muitos benefícios à saúde. Com a atividade física você pode prevenir e controlar doenças que afetam principalmente a saúde física, além de evitar e amenizar sintomas de transtornos psicológicos.
Tudo isso pode ainda ser parte da sua rotina de autocuidado, aquele momento do dia em que você dedica um tempo para cuidar de você e se livrar do estresse cotidiano.
Com esses aspectos em mente, a ideia de se exercitar se distancia daquela obrigação chata para se tornar um hábito prazeroso e que, de quebra, te faz bem.
2) Busque uma atividade que você goste de praticar
A questão do exercício ser uma atividade prazerosa, no entanto, pode não ser tão simples. Até porque é preciso encontrar a atividade que melhor concilie as necessidades do seu corpo e o seu gosto pessoal.
Para isso, antes de tudo, é interessante buscar uma ajuda médica.
“O médico do esporte vai te orientar [sobre] qual atividade é adequada para você. Mas o fundamental é fazer algo com o qual você se identifica, que você gosta,” afirma o Dr. Gabriel Ganme no podcast Beleza de Pele.
O especialista ressalta ainda uma dica importante para quem está na busca da atividade ideal: faça aulas-teste.
Ao fazer uma primeira aula experimental, você pode sentir um pouco de como funciona cada exercício físico e, aos poucos, entender com qual deles você mais se identifica.
3) Procure por ambientes em que você se sinta bem
Outro ponto importante para que o exercício tenha uma conotação positiva no seu dia a dia é o local em que você pratica. O ambiente importa!
É comum ouvir relatos de pessoas que não curtem o espaço de academias, por exemplo, porque sentem que, por lá, as pessoas julgam sua aparência. Há também quem não consiga se concentrar para se exercitar em casa. E esses são apenas alguns dos exemplos.
Por isso, é importante que você entenda qual local te provoca maior sensação de segurança e motivação para se exercitar. Para algumas pessoas, esse ambiente será o mais tradicional, em academias, para outras será na pracinha do bairro.
Quando você pratica atividades menos convencionais a academias, inclusive, as opções crescem, indo de estúdios de yoga, à piscinas de clubes e espaços ao ar livre, no geral.
O que importa mesmo é que você esteja com corpo e mente ativos em um ambiente em que você se sinta bem.
Dicas para se exercitar com uma mentalidade positiva
Além da busca por novas motivações, e pelos exercícios e ambientes ideais, outros aspectos podem trazer uma mentalidade positiva para seus hábitos de se exercitar.
Novamente, isso pode depender de cada pessoa, então é sempre bom refletir se há como conciliar aquilo que te faz sentir bem com o momento da atividade física.
Com companhia ou sem companhia?
Um desses aspectos é a questão da companhia. Se você é do tipo de pessoa que, independente da atividade, se anima mais quando tem alguém do seu lado, vale procurar uma parceria para se exercitar.
E não tem muita regra para isso: pode ser sempre a mesma pessoa ou até mesmo cada dia uma pessoa. E o melhor é que, desta forma, você ajuda a melhorar a saúde e o bem-estar de alguém querido.
Mas se você funciona melhor sem companhia, não tem problema. Esse pode ainda ser aquele momentinho só seu, no meio de uma rotina tão movimentada e compartilhada.
Músicas, podcasts séries, filmes
Quando nos exercitamos, é importante termos foco naquilo que estamos fazendo. Por isso algumas pessoas podem não se beneficiar tanto em dividir o momento do exercício com o momento de ouvir uma música, podcast ou assistir algo.
Mas há quem use exatamente essas produções para se desligar do que rola ao redor e se concentrar.
Nesse último caso, você pode experimentar para ver o que melhor funciona. Está na academia fazendo bicicleta? Por ser uma atividade menos intensa e mais parada, você pode tentar assistir algum episódio de uma série ou começar um filme. Assim como pode também escutar alguma música ou podcast — uma opção mais popular.
Mas é importante ressaltar que ouvir ou ver algo durante a atividade física influencia bastante na prática. Então, antes de se aventurar, vale conversar com personal trainers, professores ou instrutores que te auxiliam na prática.
Planejamento é tudo
Ter o exercício físico como parte da sua rotina e planejamento é ideal.
Desta forma, você consegue naturalizar a atividade dentro do seu dia a dia, fazendo com que seu corpo e mente entendam que se exercitar é parte do seu cotidiano.
Para isso, no entanto, não basta ter o plano somente no papel ou na sua cabeça, é preciso seguir à risca, acostumar-se com a ideia de uma rotina de exercícios. Somente assim você começa a funcionar melhor em função dessa atividade.
Esse texto oferece dicas de como aprimorar sua rotina de exercícios, mas não substitui orientação médica ou de profissionais da área!