Economia circular: o que é e como funciona?
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Você sabe o que é economia circular? O sistema econômico se propõe como alternativa ao forte consumismo e protege o meio ambiente. Vem entender mais com a gente!
Os recursos naturais da Terra estão se esgotando.
A economia atual ressalta as diferenças sociais. A cada ano, nos aproximamos de um limite que compromete não apenas nossas vidas, como também das gerações futuras.
E no meio disso tudo, fica a questão: como mudar um sistema que apenas se fortalece há décadas?
As respostas são inúmeras.
Nos últimos anos, crescem as alternativas, conceitos e linhas de pensamentos que se distanciam da atual lógica econômica. E em oposição a atual economia linear, destaca-se a chamada economia circular.
O termo vem ganhando popularidade, mas você sabe o que realmente é e propõe a economia circular?
Não se preocupe, estamos aqui para te ajudar a entender melhor essa potente solução para nossos problemas — sejam eles ambientais, econômicos ou uma junção dos dois.
A seguir você confere, com mais detalhes, os seguintes pontos:
- Por que a economia linear está esvaziando?
- O que é economia circular?
- Economia circular: como e por que implementar este sistema?
- Como a economia circular se diferencia da economia linear?
- Onde está o sistema circular hoje em dia?
Vamos lá?
Por que a economia linear está esvaziando?
Quando dizemos que a economia linear está esvaziando, a intenção é apontar que o sistema esvazia a si próprio e aos seus recursos.
Mas o que isso realmente significa?
Vamos começar pelos recursos de produção.
A economia linear funciona de forma a utilizar os recursos de forma finita, sem a intenção de reintegrar as matérias primas na cadeia de produção.
Ou seja, se você usa uma matéria prima para a produção de um aparelho eletrônico, na maioria das vezes, este material segue para o consumidor na lógica de uso e descarte, sem reaproveitamento.
Com este sistema, é necessário utilizar novos recursos a cada produção.
E vale lembrar que, atualmente, se produz e se consome em alta escala em basicamente todos os pilares básicos da vida diária.
Então, somando esses dois pontos ao fato de que nossos recursos não são infinitos, já é possível entender o problema, certo? Estamos produzindo e consumindo em níveis que cada vez mais tornam nossos recursos mais escassos.
E não se trata apenas de recursos como matérias primas, mas também aqueles utilizados para a produção, como energia elétrica, que também afeta negativamente o meio ambiente.
Além de, claro, impactar também as nossas vidas por diversos motivos.
O preço baixo deve sair caro à longo prazo
A economia linear atualmente é responsável por produtos de preços acessíveis, mas com vida útil breve, o que incentiva o consumo contínuo e exacerbado.
Este consumo, por sua vez, reforça a tendência à escassez de recursos naturais, que já começa a nos afetar agora mesmo.
Um exemplo disso, é o valor já crescente dos produtos, que ajuda a ressaltar e reforçar diferenças econômicas e sociais.
Existe ainda a consequência a longo prazo, que é o prejuízo aos recursos das gerações futuras.
Caso a economia linear mantenha sua predominância por muito tempo, as próximas gerações provavelmente precisarão buscar soluções para problemas que poderíamos ter evitado.
O que é economia circular?
E a economia circular surge justamente como uma forma de evitar esses problemas — uma opção de mudança.
Mas o que é economia circular propriamente dita?
De acordo com a Fundação Ellen MacArthur — estabelecida para acelerar a transição do sistema linear para o circular —, na economia circular “a atividade econômica contribui para a saúde geral do sistema. O conceito reconhece a importância de que a economia funcione em qualquer escala — para grandes e pequenos negócios, para organizações e indivíduos, globalmente e localmente.”
Além disso, a fundação explica que esse sistema busca também separar dois conceitos que vêm andando juntos: o desenvolvimento econômico e o consumo de recursos finitos.
Isso porque essa união faz parte justamente da origem dos prejuízos da economia linear.
Portanto economia circular preza pela harmonia do coletivo.
E se você tem costume de ler o blog da Arimo, já deve ter percebido que harmonia e coletividade são temas recorrentes por aqui — principalmente quando atrelados à ensinamentos do yoga.
Para conseguir alcançar esse cenário de uma harmonia coletiva, o sistema de economia circular assume uma forma diferente do sistema da economia linear.
A lógica de produção que visa o uso e o simples descarte é substituída pela produção com objetivo de reutilização dos recursos.
A ideia é prolongar a vida útil e eficiência de uma matéria prima e mantê-la no ciclo produtivo.
Ou seja, fazer com que um determinado material possa transitar em diferentes indústrias e setores, dando origem a novos produtos, além de ser reaproveitado pelos próprios consumidores.
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Economia circular: como e por que implementar este sistema?
Então como podemos e por que devemos fazer a transição para a economia circular?
Começando pelo “por que?”, podemos considerar os benefícios deste sistema, já que certamente são seus principais atrativos.
Já entendemos que a preservação do meio ambiente é parte fundamental desse grupo de pontos positivos.
Mas a economia circular também abre espaço para:
- crescimento econômico, considerando a eficiência dos recursos
- criação de empregos, considerando a aplicação e reaproveitamento do material, que exige mão de obra
- diminuição dos prejuízos ambientais, já que a produção se dá de forma não-exploratória
- transformação social, já que o sistema intui uma lógica de consumo consciente.
Outro ponto importante diz respeito aos benefícios para as próprias indústrias, como aponta o artigo “A economia circular como alternativa à economia linear.”
“As empresas que adotam a economia circular aumentam a competitividade, construindo relações de longo prazo com clientes e fornecedores; minimizam a dependência em relação às matérias primas, que com o passar do tempo se tornam mais escassas e caras; tornam-se mais aptas a enfrentar as adversidades do futuro; passam uma imagem positiva a sociedade e conseguem aumentar a qualidade e reduzir os custos de produção.”
Funcionamento depende da sociedade, indústrias e governo
Mas além dos benefícios, economia circular também é responsabilidade.
E entender isso é essencial para visualizar como deve ser o processo de transição da economia linear para a economia circular.
Isso porque, para que uma substitua a outra, toda a cadeia produtiva deve colaborar para que o sistema circular — que exige, mais do que tudo, colaboração coletiva — funcione.
Em entrevista ao blog Ideia Circular em 2018 — que atua divulgando e apoiando iniciativas da economia circular —, Thais Vojvodic, gerente de sustentabilidade da Coca-Cola explicou.
“Estabelecer uma economia circular é altamente complexo. Essa transição é difícil. O mais difícil é uma mudança de cultura, de lógica, de mindset… A gente só consegue ser sustentável no longo prazo se houver essa mudança de lógica econômica. Isso depende das empresas, das pessoas… É a mudança de mindset de uma cultura, de uma sociedade.”
A visão da gerente é dividida pelas autoras do artigo “A economia circular como alternativa à economia linear”.
Elas ressaltam que é essencial que a sociedade, as indústrias e o governo atuem em consonância.
Na prática, o papel da população na economia circular envolve o comprometimento com:
- consumo consciente
- reaproveitamento de recursos
- reciclagem/descarte adequado.
Já por parte das empresas, é necessária uma expressiva mudança, onde o foco do funcionamento da produção esteja no bem estar ambiental.
Então, para que o modelo seja eficaz neste propósito, é preciso ainda que as companhias mudem suas prioridades de investimentos para tecnologias e técnicas de menor impacto ao meio ambiente.
Além do papel da sociedade e indústrias nessa transição, existe ainda a importância do governo para tornar a economia circular um sistema possível.
Afinal, o estado também deve assumir responsabilidades para um desenvolvimento seguro e sustentável.
O papel do governo na transição para a economia circular pode acontecer pela conscientização social, democratizando informações sobre o assunto, permitindo que a população tenha acesso e se interesse pela economia circular.
O governo também pode promover uma facilitação de adoção do sistema por empresas.
Seja, revendo leis que dificultem o processo de transição nas indústrias, oferecendo incentivo fiscal e financeiro, ou determinando diretrizes para regulação.
Como a economia circular se diferencia da economia linear?
Em resumo, quais seriam os principais pontos que diferenciam e tornam a economia circular um sistema mais interessante para a sociedade?
Economia circular
- Produtos desenvolvidos para voltarem a cadeia de produção
- Reaproveitamento de recursos através do descarte adequado
- Incentiva a geração de empregos
- Funcionamento depende da consonância entre sociedade, governo e indústrias
Economia linear
- Desenvolvimento do produto não visa reaproveitamento de recursos
- Produtos têm vida útil reduzida, incentivando consumo desenfreado
- Dificulta descarte sustentável
Onde está o sistema circular hoje em dia?
Se no momento a economia circular não é uma realidade predominante, ao menos alguns setores, empresas e indivíduos já aplicam a lógica desse sistema econômico.
A moda circular, por exemplo, vem ganhando força atualmente, principalmente pelo bem sucedido modelo de reciclagem de roupas.
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Moda circular
Todos aqueles brechós online que você vê se multiplicando nas redes sociais mostram que a reciclagem e reutilização de peças é possível e é um modelo atrativo para o público.
Esses e outros exemplos — como brechós locais, doação e troca de peças de vestuário — introduziram para um público maior a lógica que ressalta a importância de uma moda sustentável.
E desta forma deixam uma contribuição significativa para que mais pessoas busquem um consumo consciente na moda, possibilitado também pela moda circular.
Apesar disso, as marcas e projetos inseridos no sistema circular ainda sofrem com pouca visibilidade entre o grande público.
Você também ainda não conhece marcas de moda que funcionem na lógica circular?
Confira a lista abaixo com alguns exemplos de iniciativas que se encaixam em pelo menos uma fase da cadeia de produção da moda circular.
Mas marcas mais populares também se engajam com o assunto.
A C&A, por exemplo, através do Instituto C&A, incentiva a pesquisa sobre moda circular e até mesmo já lançou um edital para fomentar iniciativas com foco no modelo de produção.
Economia circular na indústria de bebidas
A C&A não é a única grande marca envolvida em iniciativas que, de alguma forma, se enquadrem na lógica da economia circular.
Uma das empresas de maior expressão do mundo, a Coca-Cola também já aplica noções do sistema econômico em sua cadeia de produção.
Em entrevista ao blog Ideia Circular em 2018, a gerente de sustentabilidade da Coca-Cola Thais Vojvodic falou um pouco sobre o compromisso da empresa em reciclar todas as suas embalagens até 2030.
Segundo Thais, na época, a Coa-Cola já trabalhava com mais de 60% de alumínio reciclado em suas latas e 15% de todo o portfólio de embalagens.
A ideia é atingir 30% de produtos com embalagens retornáveis.
Economia circular aplicada na indústria de tecnologias
Até mesmo a HP, uma das mais populares marcas de tecnologia, assumiu a responsabilidade de tornar seu processo de produção circular.
De acordo com o Ideia Circular, a empresa reutiliza plásticos, metais e outros materiais “continuamente para aplicações de alta qualidade.”
Além disso, a companhia também trabalha com pesquisas que buscam alternativas a sistemas e produções que prejudicam o meio ambiente.
Vale lembrar que nem tudo são grandes empresas e marcas e muitas iniciativas de economia circular funcionam de forma local com pequenos produtores.
Quem sabe na sua região já não funcione algum projeto com este sistema?