Como produzir menos lixo? Cinco passos para ajudar nessa redução
Pensando no aumento da geração de resíduos no Brasil, hoje te ajudamos a entender como produzir menos lixo.
No ano de 2020, o Brasil produziu cerca de 82,5 milhões de toneladas de lixo. Isso quer dizer que, cada brasileiro, gerou cerca de 1,07 kg de resíduos por dia, com a população totalizando 225.965 toneladas diárias.
Ninguém pode negar: os números, levantados pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe) são assustadores.
De acordo com a associação, essa alta na produção de lixo recebeu uma forte influência dos novos comportamentos impostos pela pandemia de Covid-19. Mas, mesmo antes disso, o Brasil já figurava entre as nações que mais geram resíduos em todo o mundo.
A situação é alarmante, mas é preciso lembrar que, apesar disso, o cenário pode ser revertido. Mudar é possível e necessário. E toda pessoa pode incorporar novos hábitos à sua rotina para diminuir a quantidade de resíduos que geramos.
Por isso, hoje, te ajudaremos a entender exatamente como produzir menos lixo. Acredite: é bem mais prático e fácil do que você pode imaginar. E aqui você vai encontrar das soluções mais básicas às mais inventivas.
Confira abaixo o resumo deste texto:
- Como produzir menos lixo: a importância na diminuição de resíduos
- A relação entre produção de lixo e emissão de CO2 e de gás metano
- Os R da sustentabilidade
- Como produzir menos lixo: reutilize
- Como produzir menos lixo: reduza
- Como produzir menos lixo: recicle
- Como produzir menos lixo: repense
- Como produzir menos lixo: recuse
Vamos lá?
Como produzir menos lixo: a importância na diminuição de resíduos
Recentemente falamos aqui no blog sobre iniciativas como a de carbono zero ou carbono neutro. Em ambos os conceitos, o objetivo é controlar a emissão de CO2 na atmosfera e reduzir o impacto disso no efeito estufa e nas mudanças climáticas. E quando falamos sobre a diminuição da geração de resíduos, o objetivo é semelhante.
Isso porque a produção de lixo também tem a ver com efeito estufa e mudanças climáticas. Afinal, quando geramos esses resíduos, estamos aumentando a emissão de CO2 e do gás metano.
Ainda não consegue enxergar essas relações? Te ajudamos com isso.
A relação entre produção de lixo e emissão de CO2 e de gás metano
Quando simplesmente descartamos resíduos — sem reutilizar ou reciclar — e vivemos uma vida de consumo excessivo, incentivamos um alto ritmo de produção. Afinal, uma vez que descartamos, e não reutilizamos, precisamos comprar novamente. E, com isso, vamos consumindo mais e gerando mais lixo.
Como afirma a Abrelpe em publicação: “o descarte de resíduos é resultado direto do processo de aquisição e consumo de bens e produtos das mais diversas características.”
Mas precisamos olhar para o todo. Como falamos no texto sobre carbono zero, as indústrias são as principais agentes na emissão descontrolada de CO2. Então, quando nosso nível de consumo é alto, acabamos permitindo — mesmo que indiretamente — que a liberação desse gás aumente também. E o problema se agrava quando as empresas das quais consumimos não aplicam lógicas de controle de emissão de CO2.
A questão, porém, vai além do consumo. É preciso lembrar que os resíduos que descartamos passam por processos de decomposição que liberam não apenas o CO2, mas, em alguns casos, o gás metano.
Apesar de falarmos muito sobre as consequências da liberação de CO2, precisamos também conhecer os demais agentes que influenciam no efeito estufa. E o metano é um deles. E além de também prejudicar, por si só, o meio ambiente, quando queimado, esse gás libera CO2.
Com esse apanhado de informações, já conseguimos entender o motivo pelo qual a redução do lixo que geramos afeta diretamente a saúde do mundo em que vivemos.
Lembrando que, para que todo esse cenário comece a mudar, é preciso um esforço conjunto. As empresas precisam implementar técnicas que controlem a liberação de CO2 na atmosfera. O governo precisa também conscientizar sobre a importância da reciclagem, incentivar e oferecer iniciativas de coleta seletiva. E, neste caso, cabe a população aderir a essa nova forma de pensar, agir e consumir.
Os R da sustentabilidade
No âmbito da sustentabilidade, inclusive, quando falamos em mudar como pensamos, agimos e consumimos, falamos também sobre os chamados R da sustentabilidade. Ao pesquisar sobre esse termo, é comum encontrar resultados como “os 3 R da sustentabilidade”, os 5 R da sustentabilidade” e assim por diante. E isso realmente pode variar.
Neste texto, usaremos as definições encontradas no portal da prefeitura de São Paulo, que considera cinco práticas.
Mas antes de mais nada, vamos responder a uma pergunta que provavelmente está na sua cabeça agora: afinal, o que são os R da sustentabilidade?
Em uma resposta curta: são palavras que se iniciam com a letra “r” e definem o pensamento por trás das práticas sustentáveis.
E quais são os R da sustentabilidade?
- Reutilizar
- Reduzir
- Reciclar
- Repensar
- Recusar
Como produzir menos lixo: reutilize
Você certamente já viu vidros de geleia transformados em copos, certo? Quem sabe já não abriu o congelador de casa, e se deparou com um pote de sorvete cheio de feijão congelado?
A nível de curiosidade, essa prática de colocar o feijão no pote de sorvete chegou a reunir mais de 200 mil membros em uma comunidade no finado Orkut.
Mas voltando ao assunto: tanto o copo de geleia quanto o pote de sorvete são, provavelmente, os exemplos de reutilização mais clássicos na vida dos brasileiros. No entanto, não devem ser os únicos.
Se você quer começar sua jornada na sustentabilidade, o que não faltam são alternativas para reutilizar produtos que você, em outra ocasião, descartaria. O pote de sorvete mesmo, assim como outros potes, pode servir como vaso de plantas.
Você faz compras a granel? Os potes também podem servir como recipientes para esses produtos.
Outras aplicações frequentes de reutilização são:
- caixas (seja de entrega, sapato ou outras) que viram caixas de organização de objetos e documentos
- garrafas de vidro (azeite, vinho, etc) que viram objetos de decoração de interiores
- folhas de papel que já foram utilizadas em um verso, e podem ser reutilizadas no verso oposto
- cascas de frutas que podem virar ingredientes para bolos, doces e outras comidas
O mais legal do conceito de reutilização é que você pode ajudar o meio ambiente enquanto exercita sua criatividade — até mesmo fazendo disso um ofício. Nesses casos, a reutilização ganha até novo nome: upcycling.
Na moda, isso está cada vez mais em alta. Um exemplo que recentemente ganhou as redes foi o corset feito de tênis, usado por muitas divas pop e influenciadoras digitais. A peça ganhou popularidade agora em 2022, mas ainda em 2019 já ganhava espaço dentro da moda upcycling, pela mente e trabalho da estilista Cierra Boyd.
Por que reutilizar?
A prática de reutilização tem como objetivo prolongar a vida útil de um produto. Por isso é tão importante reutilizar. Um objeto reutilizado, por exemplo, significa menos um item descartado e menos um ou mais novos produtos adquiridos.
Então, além de ajudar o meio ambiente, você acaba também poupando algum dinheiro.
A mentalidade de reutilização também vem crescendo nos últimos anos através de produtos que buscam romper com a lógica dos itens descartáveis. É o caso dos canudos de aço inox e de bambu, por exemplo.
Mas a prática de reutilizar é mais antiga do que pode parecer. Afinal, quando você doa uma roupa ou outro produto, não está permitindo exatamente que o item tenha uma vida útil mais longa?
Como produzir menos lixo: reduza
A redução é atravessada justamente por essa lógica da reutilização. Afinal, uma vez que você passa a reaproveitar os resíduos que descartaria, reduz o consumo de outros itens que, eventualmente, se tornariam mais lixo urbano.
Ou seja, a redução no consumo, que é um dos objetivos de uma vida mais sustentável, justifica a prática de reutilização, que também é parte dessa mentalidade.
Colocar o R de reduzir em prática, é também reconsiderar o que você consome. Mas falaremos disso mais à frente.
Como produzir menos lixo: recicle
Os resíduos de papel, plástico, vidro e metal, que não forem reutilizados, podem ser reciclados.
É muito comum vermos, em shoppings, ruas e locais de alta circulação, aquelas lixeiras de cores diferentes, destinadas para resíduos específicos — desses materiais citados acima.
E se você está em um local em que esta lógica é empregada por favor, respeite. Sua colaboração ajuda o meio ambiente e não importuna o trabalho de quem atua na reciclagem desses itens.
Para além desses locais comunitários, é possível também levar essa prática para nossas casas.
Antes de tudo, é preciso se informar sobre a coleta seletiva na sua região: ela já existe? Atende ao seu bairro? Gera custo adicional?
As respostas para essas perguntas te ajudarão a se orientar na forma como você poderá reciclar seu lixo. Vale procurar orientação nos canais da prefeitura da sua cidade e com projetos de reciclagem.
Na Arimo, por exemplo, temos um programa de reciclagem para clientes. Através dele, você utiliza seu tapete de yoga de PVC pelo tempo que for, e, na hora de descartar, basta nos enviar. E nós cuidamos para que esse descarte seja feito de forma consciente.
Outras dicas para iniciantes na reciclagem
Uma dica importante para quem está começando a reciclar é a de ter atenção às embalagens. Nelas, você consegue identificar se o item é realmente reciclável. Desta forma, você pode também pesquisar sobre pontos de reciclagem do material em questão na sua região.
Não esqueça também de lavar e dobrar as embalagens antes de descartar.
Como produzir menos lixo: repense
Para além das atitudes práticas, os R da sustentabilidade contemplam também nossa forma de pensar. Ou melhor, repensar. Lembra que, no item sobre redução, mencionamos brevemente a ideia de reconsiderar nosso consumo? É exatamente isso: questionar o que você consome, a quantidade do seu consumo e o quão sustentável ele é.
Tudo isso reflete na sua produção de lixo. E o ato de repensar esses aspectos traz mudanças notáveis.
Através do repensar, por exemplo, muitas pessoas aderiram ao tipo de produto que mencionamos no item sobre reutilização.
A substituição dos copos plásticos por copos retráteis é um exemplo disso. E, com uma lógica semelhante, popularizou-se também o uso de:
- canudos de aço inox e de bambu
- coletores menstruais e absorventes de pano
- ecobags e sacolas de papel
A Folha SP traz um exemplo que ilustra bem a importância disso. De acordo com o jornal, “a orla atlântica do Rio, do Leme ao Pontal, tem 300 quiosques. Se todos repetirem esta média [300 cocos por dia por quiosque], serão 90.000 cocos por dia — ou 32.850.000 por ano. E 32.850.000 canudos de plástico.”
Agora imagine se pelo menos parte dos clientes repensassem a utilização de um canudo de plástico e substituísse por um reutilizável?
É preciso entender, porém, que toda essa mudança de pensamento precisa de incentivo e divulgação, para que se torne um hábito.
O que devo repensar?
Agora, você, que está aqui, experimente tentar. Na hora de comprar qualquer coisa, leve em conta aspectos como:
- Embalagem: é reutilizável ou reciclável?
- Produto: pode ser reutilizado de outra forma?
- Necessidade: realmente preciso adquirir isso?
- Alternativa: como posso tornar essa experiência mais ecologicamente consciente?
Um exemplo prático: você realmente precisa utilizar sacolas plásticas no mercado? Lembre-se: existem ecobags, sacolas reutilizáveis e caixas de papelão para carregar as compras.
Agora uma dica para sempre levar em conta: evite descartáveis!
Como produzir menos lixo: recuse
A partir do momento em que você passa a repensar, pode começar também a recusar. Você recusa produtos que agridem o meio ambiente, os que significam algum tipo de desperdício, aqueles que podem ser substituídos por opções mais ecológicas.
Desta forma, você também deixa de financiar a produção desses itens. E, a longo prazo, as mudanças podem impactar empresas e indústrias que não consideram a consciência ecológica na hora de produzir. Neste caso, existe ainda a possibilidade dessas empresas e indústrias começarem elas mesmas a repensar sua própria forma de produção.
Existem outros R?
Outros R também podem ser considerados, como o Reintegrar e Reparar. Alimentos, por exemplo, podem ser reintegrados na natureza como adubo ao serem compostados.
Já o reparo pode ser feito quando algum produto apresentar defeito, quebrar, rasgar, etc. A ideia é — sempre que possível — consertar algo, ao invés de simplesmente adquirir outro. Com isso, novamente: diminuímos o consumo e, consequentemente, a produção de resíduos.
Inspire-se em quem já produz menos lixo
Para você, que quer experimentar a iniciativa de gerar menos lixo, aqui vão algumas pessoas e conteúdos para te inspirar.
- Blog: Uma vida sem lixo
- Filme: The Clean Bin Project
- Insta: Autossustentável